Pesquisar neste blogue

domingo, 13 de março de 2011

Nogueira de sementeira de noz, sem transplantação


Passado um ano após a sementeira, foi enxertada em Howard a 30 cm do chão e no mês de Fevereiro seguinte foi cortada a 1,30 cm, considerando a primeira poda de formação, apresentando na primavera imediata o potencial que se vê. O branqueado que se nota na folhagem, foi da pulverização efectuada por causa do escaldão.

Podas



Há vários tipos de podas: de formação, frutificação e de renovação ou rejuvenescimento.
No caso presente é uma poda, leve, de rejuvenescimento

Controle da rega


A rega torna-se absolutamente necessária, pois potencializa o rendimento dum pomar de 30 a 50%, variando conforme o tipo de solo, pois não só estimula o desenvolvimento das árvores como acelera a entrada em produção. Há vários sistemas de rega, mas na sua escolha deve-se ter em atenção que a superfície molhada não deve ser inferior a 60%, devendo sempre ser afastada do tronco. Como auxiliares das quantidades e de quando se deve iniciar, há diversos aparelhos, sendo os que me parecem mais aconselháveis, os Tensiómetros. Quando marcam 60/70 bares deve-se iniciar a rega e terminar nos 5/10. O mais aconselhável é manterem-se entre os 25 a 4o. A profundidade deve estar entre os 30 a 4o cm, pois é onde funcionam as raízes alimentícias.Devem ser montados no principio da Primavera e retirados quando do inicio da maturação do fruto, bastando para o efeito 1 ou 2 aparelhos por pomar. Como processo expedito, um vara de ferro helicoidal de espessura 5mm, a que eu chamo Pica, serve, pois espetando-a aqui ou ali, dá-nos sinal da humidade da terra e da profundidade da mesma.
No exemplo apresentado aparecem dois aparelhos, estando um a 30 cm e outro a 40; ao lado está um acessório indispensável (uma bomba para retirar as bolhas de ar).

Variedade polinizadora da Serr (Tehama)


As polinizadoras são árvores cuja flor masculina aparece no momento exacto das flores femininas das árvores a polinizar. As flores masculinas e em quase todas as variedades aparece de 5 a 10 dias antes das flores femininas e como o seu tempo de duração é limitado, a coincidência é muito pequena, pelo que é absolutamente necessário em qualquer pomar, haver 5% de polinizadoras, bem distribuídas.

sábado, 12 de março de 2011

Variedade Chandler que foi enxertada em Franquette




Esta árvore é um péssimo exemplo de formação. A formação deve ser em vaso ou em eixo vertical, devendo ter um único pé (limpo ) e só acima de 1,30 m é que se aproveitam as ramificações. As vantagens são várias, principalmente no varejamento mecânico.



segunda-feira, 7 de março de 2011

Nozes e Nogueiras



Em 1978 e na minha propriedade em plenos barros de Beja, plantei o meu 1º pomar de nogueiras (250 árvores da variedade franquette, mais as correspondentes polinizadoras). 


No ano seguinte plantei mais 250 e da mesma variedade. O porta enxertos quer de umas quer de outras era “juglans regia”. Assim começou o meu pomar de nogueiras em pleno Baixo Alentejo e que hoje tem 2.800 árvores, com compassos de 8x7 a 4,5x5 e produções de 25 Ton, mais ou menos.

Em 1983 abandonei as variedades francesas e virei-me para as variedades americanas, mais propriamente a hartley e a serr, com os porta enxertos (regia, nigra, hinsii e paradox). 

Nos últimos 5 anos e assim penso continuar, não planto árvores mas semeio nozes no local exacto de uma futura árvore, evitando os inconvenientes da transplantação e enxerto normalmente passado um ano nas variedades que eu elegi como as mais interessantes. As nozes que escolho são e apenas as variedades de árvores quase centenárias da região, muito pequenas e muito rijas. Creio ser uma régia regional, mas que têm tido um comportamento extraordinário. 


A 500 franquettes iniciais foram, entretanto passados 17 anos enxertadas em chandler, operação que eu hoje não faria apesar da franquette não ser a mais aconselhada para o Alentejo. Durante todo este tempo fui plantando outras variedades (chandler, fernor, lara, theama, tular, vina, pedro, amigo, mayette, trompito…), permitindo-me assim, principalmente com maior disponibilidade de tempo de há 7 anos a esta parte, poder seleccionar as que me parecem mais aconselháveis para aquele clima, bem como os porta enxertos com melhor comportamento. 


A tarefa não é fácil, pois qualquer conclusão exige pelo menos 15 anos para os porta enxertos 7/8 anos, pelo menos, para as variedades produtivas. Neste estudo e como é óbvio, tenho em consideração, a precocidade, a produção, a qualidade do miolo, o rendimento do miolo, a resistência á bacteriose e antracnose, a aceitação no mercado, as respectivas podas a resistência ao escaldão. 


Quanto aos porta enxertos interessa-me o seu potencial e a adaptação aos nossos solos.
Para a recolha das nozes e seu tratamento para as colocar no mercado, fui e á medida das necessidades adquirindo as respectivas máquinas: de tirar o cascarão, estufas de secagem, calibradora, extracção das chochas, tabuleiro de escolha, ensacar e vibrador das árvores.


Na imagem seguinte é apresentada uma nogueira enxertada há 6 meses. O enxerto foi feito em planta de noz semeada há um ano e a 30 cm do solo.



Tapete de transporte das nozes para as máquinas de extracção do cascarrão e tapete para transporte das mesmas e já limpas para a estufa de secagem.


Transporte das nozes após recolha no campo para as máquinas de extracção do cascarrão.


Saída das nozes da máquina de extracção do cascarrão para o tapete de carregamento das estufas.


Carregamento da estufa de secagem.


Estufa de secagem das nozes:

- Capacidade 1 tonelada.
- Tempo de secagem, 30 a 48 horas.
- Fonte de calor - Gás natural


Máquina de calibrar


Máquina de calibrar, máquina de extracção das nozes sem miolo e tapete de recolha e ensacagem.



Tabuleiro de escolha das nozes e tapete para a ensacagem.


Nogueira da variedade Franquette reenxertada em Chandler e recentemente em Howard. O processo utilizado em ambos os casos foi o de enxertia em garfo de topo.


Nogueira da variedade Tehama com evidência de vários amentilhos (flores masculinas ) e flores femininas já polinizadas, onde são visíveis nozes pequeninas.


Nogueira da variedade Tulare onde são evidentes as flores femininas e amentilhos (flor masculina ).


Variedade Paradox,utilizada como porta enxertos.Vê-se um saco amarelo que utilizei para a polinização artificial (que previamente enchi de amentilhos),pois quer dela, quer das nogueiras  vizinhas não havia pólen disponível.


Nogueira da variedade Howard em frutificação, com evidência das flores femeninas prontas a receber o pólen, que no caso das nogueiras é transportado pelo vento.


Vibração das nogueiras




QUESTÕES  PERTINENTES
(actualizado em 4 de Março 2012)

Por me terem sido expostas várias questões a que dou resposta pontualmente, resolvi equacioná-las no blogue.

Quais as variedades aconselháveis?
Para o Norte e por causa das exigências em frio e das geadas, devem-se plantar variedades de floração tardia: as francesas franquette, fernor e nas terras mais soalheiras a lara e a americana tulare
No Sul é preferível optar pelas variedades americanas de floração mais precoce e menos exigente em frio: serr, hartley, tulare, howard e a francesa lara. A chandler é uma variedade muito badalada, mas quer as que eu plantei ou enxertei, quer as que tenho acompanhado noutros pomares, não são de modo algum aconselháveis.

Quando começa a haver retorno do capital investido?
Numa exploração com boas árvores, em terra profunda, não alagadiça e com tratamento adequado, nunca antas dos 8/10 anos.

Como funciona o mercado ?
Noz em casca – muito mal, pois o mesmo é dominado pelas grandes superfícies que cobrem mais de80% das vendas de nozes, mas de calibres muito baixos (26/27 e 28/30) e a preços de aquisição em conformidade com os mesmos e com a qualidade. Estes calibres e numa produção normal em Portugal representam 5 a 10%. Que fazer dos restantes 95/90%? Nós produzimos cerca de 5% do consumo Nacional, mas não havendo protecção á nossa produção, não há volta a dar.
Miolo de noz – o preço de aquisição (do Leste e da índia) pelos compradores, é muito baixo (a qualidade, principalmente o miolo com origem na Índia é francamente mau), pelo que é impossível praticá-lo. É de referir que para se obter um quilo de miolo são necessários dois de noz em casca, das variedades referidas, pois para outras serão necessários três Kgs.

Qual a produção dum pomar?
Nas variedades francesas poderá chegar-se em média aos 1.500/1.800 kgs e por excepção aos 2.0000. Nas variedades americanas se chegar aos 2. 000 Kgs é bom; daí para cima é muitíssimo bom.

Compasso ?
Nunca inferior a 7x8. 

Necessidades de água?
Variável conforme a textura do terreno e a região. No meu caso pessoal, em terras de barro e no Sul a média diária é de 80 litros e a rega vai normalmente desde Abril até meados de Setembro.

Viveiros ?
Muito complicado. É preciso ter muito cuidado com os porta enxertos e as variedades que pretendemos, alem da sanidade das árvores.

Porta enxertos ?
Dos que conheço (régia, nigra e hindsii) não tenho dúvidas em preferir a régia; os paradox dizem ser bom, ando a testá-lo, mas ainda não o conheço suficientemente bem.

Tratamentos fitossanitário ?
No Norte 2/3 tratamentos, normalmente contra o bichado; no Sul nunca menos de 7/8 e pode chegar aos 11 como foi o meu caso em 2011 (bacteriose e antracnose, bichado, ácaros, piolho. necrose apical e broca). A broca e quando se instala num pomar precisa de atenção especial pois em pouco tempo pode levar à sua total destruição .

Mínimo de área a plantar ?
Considerando o tractor e as alfaias de manejo da terra, tornam-se necessário as seguinte máquinas; pulverizador, de vibrar, descascadora, secagem, calibragem, extracção das chochas e mesa de escolha e ensacagem. Para a mínima rentabilização nada menos que 15 Ha.

Data da apanha ?
Depende das variedades, mas podemos sem margem de grandes erros, afirmar; no Norte fim do mês de Outubro, no Sul em meados de Setembro.

Prazo da validade das nozes?
Não sendo branqueadas (lixiviadas) 10 a 11 meses em condições normais de armazenamento. As lixiviadas menos 3/4 meses.

Enxertias
As que eu pratico e com êxito, é a fenda inglesa e garfo de topo (95% de aproveitamentos). A experiência em garfo de topo e para reconversão que pratiquei em troncos de árvores adultas, correram muito bem nos primeiros anos, mas passados 5/6 anos constatei ser um desastre total.

Para mais contactos:

Cor. João Machado Tété
Telemóvel - 969547152
Endereço de correio electrónico

Consulte os comentários e respectivas respostas